Avaliar a interação entre diferentes cultivares de Brachiaria e estirpes de bactérias diazotróficas promotoras de crescimento é o foco de projeto da pesquisadora Verônica Reis aprovado em 2019 em edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Com início previsto para este primeiro semestre de 2020 e vigência até dezembro de 2022, a proposta pretende estudar a combinação de oito cultivares da planta com quatro estirpes de bactérias, de forma a escolher a melhor delas para plantio em áreas de risco de estresse hídrico.
As cultivares do gênero Brachiaria (syn Urochloa) são as mais utilizadas nas pastagens extensivas brasileiras, representando mais de 90% das áreas plantadas no País. Só no Estado do Rio de Janeiro, 47% da área agricultável estão ocupados por pastagens, sendo que 10% da produção estão em Campos dos Goytacases, no Norte fluminense. A braquiária tem como características botânicas a agressividade, a adaptação a solos marcados pelo intemperismo, a alta palatabilidade e um alto valor forrageiro. “O uso de inoculantes contendo bactérias diazotróficas é capaz de promover o crescimento vegetal e contribuir na nutrição vegetal, sendo uma alternativa barata e de fácil adoção e que pode reduzir os custos de plantação e renovação de pastos”, afirma Verônica.
A intenção é selecionar as bactérias diazotróficas a partir de testes em condições controladas, para entender mecanismos e avaliar novos processos que estimulam o desenvolvimento de espécies e cultivares atualmente plantados no Brasil. “Não haverá estudos utilizando pastejo com animais nem aplicações a campo nesta fase inicial. A variabilidade de resposta impede que estudos de mecanismos sejam feitos em condições abertas, sem controle de temperatura e umidade e mesmo sem dados colhidos sobre essas cultivares, que são inexistentes na literatura”, explica a pesquisadora. “Ao final de três anos de projeto, os dados obtidos poderão qualificar esses insumos como eficientes para subsidiar os testes agronômicos e escala de propriedade rural”, acrescenta.
Três fases estão propostas no projeto: seleção das melhores interações planta-microrganismo, classificando a resposta de crescimento entre positivas, neutras e negativas em condições axênicas (de não contaminação), de substrato estéril e solo natural. “Esperamos entender a variabilidade de resposta destas cultivares usando bactérias conhecidas e de eficiência comprovada selecionadas como insumo biológico e quantificar a contribuição potencial dessas interações no crescimento, no acúmulo de nitrogênio e na resistência à seca dessa forrageira”, destaca a pesquisadora.
Liliane Bello (DRT 01766/GO)
Embrapa Agrobiologia
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